segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Adoção Interracial


Nunca mais postei nada... Estava sem tempo, mas agora postarei pelo menos uma vez por semana...

Nessas férias tive oportunidade de ler bastante sobre adoção. Conversei também com amigos envolvidos com o tema. Descobri muitas coisas que irei compartilhar com vocês.
Bom, falando de adoção interracial (quando a criança pertence a uma raça diferente da dos pais adotivos), algo que também vivenciei na minha família, a coisa mais importante estabelecer entre a família, uma ligação forte e segura, superando as diferenças físicas.

Nós vivemos em um mundo preconceituoso demais... Já escutei tanto absurdo, coisas que não entram na minha cabeça. “Sou racista porque sou antigo”, “Sou racista porque tenho descendência européia” (?!), “Sou racista porque foi minha criação”... Bom, com o conhecimento que temos hoje, as justificativas que as pessoas arranjam são cada vez mais esfarrapadas! Já escutei coisas também do tipo “se você pode ter um filho loirinho, porque vai querer um pretinho?” entre outros absurdos, que definitivamente, não entendo. Algumas pessoas em menor intensidade, outras, declaradas, mas a verdade é que estamos em um país muito racista.

No Brasil, a maioria dos casos é de crianças negras e índias adotadas por pais brancos. Aqui crianças negras ou com traços negroides, têm menos chances de serem adotadas e estão sujeitas a serem institucionalizadas por grande tempo. A maioria prefere menina, de até dois anos, branca.

Meus pais não especificaram a raça, nem a idade. Tenho quatro irmãos negros e dois com traços negroides e índios.

No começo, lembro que negavam a própria raça... As meninas queriam alisar os cabelos... Os meninos diziam que não eram negros. Minha irmã Louise trabalhou muito com todos, através da música. Ela gosta muito de Rap, de Black Music e através dos clipes, elogiava muitos artistas, mostrava as cantoras, como cuidavam do cabelo, como eram lindas e os cantores também. Sendo nossas adoções na maioria tardias, foi bem positivo para eles.

No caso de adoções feitas em “último caso”, quando os pais não podem procriar biologicamente e não tenham podido elaborar o luto pela sua esterilidade, aparecem alguns problemas em relação à adoção interracial. Acontece que esses pais, segundo Freud (1914), revivem suas fantasias narcísicas por meio de seus filhos: seus anseios de perfeição e imortalidade estão concentrados no seu olhar sobre eles. Quando as diferenças físicas são gritantes, a descontinuidade biológica é evocada com freqüência, e pode haver dificuldades em sentir a criança como um filho legítimo.

As diferenças físicas entre pais e filhos evidenciam a percepção da descontinuidade biológica e põe à prova a confiança na estabilidade da relação. A criança pode testar os pais para ver a consistência do vinculo com a família. Isso acontece também pelo medo da criança de ser abandonada novamente... O que acontece em alguns casos... Já escutei delírios absurdos, como: “você não sabe a herança genética dessa criança, ele pode matar todos vocês” (!) “ela será prostituta como a mãe biológica”(!) “ele tem psicopatia (criança de 2 anos, absolutamente normal)”. Alguns casos de pais, que não podiam ter filhos, fazem a adoção, conseguem ter filhos e abandonam novamente o adotivo, a criança é abandonada duas vezes.

Algo importante é trabalhar com a criança a questão do racismo existente na nossa sociedade. Não podemos ignorar que convivemos com o racismo. A conscientização dos pais quanto a este tema e seu enfrentamento dentro da realidade são essenciais para que eles possam ajudá-la neste processo.

Quer saber, hoje somos todos aqui em casa tão parecidos. Meus irmãos são lindos demais, cada um com seu jeitinho, sua raça, seu estilo. Como é bom amar! Como é bom não ser racista e encontrar esses grandes amores da minha vida... Eles são parte de mim e hoje não imagino minha vida sem o sorrisão do Alexandre, sem o olhar meigo da Ana Flávia, sem as brincadeiras do Roniel, sem a solicitude e companhia do Diego, sem a amizade da Dania, sem o carinho enorme da Viviane... Sem o amor de todos eles. Nenhuma adoção é fácil, temos que compreender todo o processo traumático que passaram de rejeição e abandono... Às vezes podem ser agressivos, podem ser hostis, mas só querem testar o amor que temos... Passada essa fase, é só alegria.

Reflitam! Espero que ajude! Beijos para todos!