Ah… Agora eu vou falar do meu amor, esse que eu tenho para os meus onze amores. Eu sou a mãe e tem o pai. O neto que é também um filho que veio da filha.
Aqui é uma casa não muito grande que se transformou num lar sem fim. O amor é regra única , básica. Amor incondicional e ponto.
Esse prazer de estar junto, grudadinho é incomparável a qualquer prazer do mundo. Existe entre nós essa colinha que faz a diferença em tudo.
E cada vez que eu engravido pelo coração, ele se expande igual uma barriga e quer abraçar o mundo inteiro e chora por tudo e ri de qualquer coisa. Algumas pessoas não compreendem a dimensão desse amor que cresce a cada instante. Mas também, quem ama não se importa muito com isso. Você já viu como se comportam os casais apaixonados? Eles se importam com o que pensam deles? Assim é o meu amor quando engravido pelo coração.
Depois vêm os desafios, vêm as vitórias e aí o jardim já floriu todo e é só respirar fundo pra sentir os perfumes diversos. Ah... Que perfumes!!!
Somos jardineiros, o plantio é no coração de quem se ama e no nosso próprio. Nós reconstruímos muitas coisas neles e em nós mesmos. Por que acima de tudo precisamos deles porque o amor nasceu e o amor nasceu porque era preciso que aprendêssemos a amar assim sem amarras e incondicionalmente.
Cada um dos meus onze amores é uma história de amor que eu vivi e escrevi no livro da minha alma. Um dia, quem sabe eu arrume tempo (risos) pra escrever minha história de amor com cada um dos meus onze amores... Mas gente... Pode ser que venham ainda mais amores... Meu coração é fértil e não há anticoncepcionais para adoção, GRAÇAS A DEUS!!!
Denise Padron
domingo, 20 de junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
Treze Amores
Olhares…
Eu olhei você de longe, séria, notei que mesmo antes já me observava... Fiquei com vergonha, desviei o olhar... Você não quis vir pra perto de mim a princípio... Depois apareceu decidida a me conquistar... Confesso que tive minhas reservas, medo de ser rejeitada... Olhava tímida para você por cima dos óculos, mantinha distância... Isso tudo durou um dia, apenas...
Estávamos juntas no recital, eu não estava muito feliz, último dia que ia cantar e ninguém foi me assistir... Você estava ali, sorriu, perguntou coisas sobre mim e me tratou com um carinho e intimidade, uma cumplicidade... Sem medo de me amar, de me conhecer...
Olharam para trás e perguntaram, “é sua irmã também?”... Eu respondi tímida que sim... E depois não tive coragem de olhar para você, tive tanto medo da sua reação... Boba eu, você já tinha me adotado! Que amor é esse forte que nasce dentro de mim, que quer você agora aqui? Que amor é esse tão grande, que não ta nem aí para as dificuldades que possamos encontrar pela frente ou preconceitos, descriminações?... Sim, porque somos muitos, mas sempre fomos seus! Você é minha irmã e eu te amo tanto, que conto os dias para ter você aqui do meu lado novamente... Nasceu Dayane! E a gente chora sim, “choro porque tenho direito, porque o olho é meu” disse você ao telefone, contando que te repreenderam quando voltou e sentiu saudade... Não importa quanto tempo estamos juntos, somos uma família, nosso amor existe!!! Reencontrei um grande amor!!! Nasceu mais um!!!
E o Daniel? Lindo, alto, moço, sorriso grande... Escondido atrás do computador uma tarde inteira... Da platéia tirava mil fotos da nossa cantoria, dava tchau, mandava beijo... “Mamãe está vindo, toma a bolsa mamãe”... Enchia a boca pra chamar a mama de mamãe. De noite, milhões de “boa noite”, nós brincamos assim e rimos, tantas vozes ecoando pelas portas dos quartos, entre os beliches de luz apagada... “Daniel, posso dizer que é meu irmão?” perguntei “Claro, mas eu sou seu irmão, agora é só a juíza assinar os papéis, é rápido!”... Seu olhar de menino, meu menino lindo! No MSN, sempre a mesma frase, “maninha, eu te amo” e eu ali, do seu lado, no outro PC “oi maninho, eu também te amo” Paqueramos virtualmente rsrsrsrs e nos conhecemos assim...
As pessoas têm tanto medo de amar, de dizer eu te amo! E olha o que vocês me ensinam! Que eu não sou louca ou que para todo louco, existe outro que o completa! Eu amo vocês, assim demais, assim intenso, assim para ontem, assim de verdade! Eu quero vocês, assim para sempre, assim perfeito com todos os defeitos... Eu assumo vocês, assim para o mundo todo, mesmo que me critiquem, mesmo que não entendam que julguem... Eu quero vocês, assim como quem não sabe ver a vida sem acreditar nesse amor todo! Assim como quem precisa desses sorrisos, abraços, beijos... Assim como quem quer dividir mais um pedacinho de tudo, repartir... Porque aqui sempre tem lugar!
Carinho, sem medos, abraços, beijos, cheiros... Fotos, tantas fotos... Sorrisos, risos, medos... Tudo lindo! Reencontro de almas, meus grandes novos amores! Forças minhas!
Despedida enrolada, ninguém queria a partida... Mil presentinhos foram dados, para recordarem dos nossos momentos pela semana. Dei duas estrelas de origami... Depois, no taxi perguntei “cadê minha estrela” mais do que depressa os dois “ta aqui mana”.
Na porta chororô danado... Daniel me abraçou em prantos... “Vocês vão ligar todos os dias?” “Claro que sim!”. Na porta a mama avisa, “eles são meus!”...
Todos os dias nós conversamos pelo telefone e choramos e rimos... Sexta feira tem mais... Logo estarão aqui...
É isso aí gente! Mais uma experiência de adoção, mais um reencontro de almas! Daniel e Dayane, meus irmãos, os dois têm 16 anos... Estão no abrigo há mais de 10 anos... E agora, que nos encontramos, será todos nós para sempre, 13 amores!!!
Annalies Padron
Eu olhei você de longe, séria, notei que mesmo antes já me observava... Fiquei com vergonha, desviei o olhar... Você não quis vir pra perto de mim a princípio... Depois apareceu decidida a me conquistar... Confesso que tive minhas reservas, medo de ser rejeitada... Olhava tímida para você por cima dos óculos, mantinha distância... Isso tudo durou um dia, apenas...
Estávamos juntas no recital, eu não estava muito feliz, último dia que ia cantar e ninguém foi me assistir... Você estava ali, sorriu, perguntou coisas sobre mim e me tratou com um carinho e intimidade, uma cumplicidade... Sem medo de me amar, de me conhecer...
Olharam para trás e perguntaram, “é sua irmã também?”... Eu respondi tímida que sim... E depois não tive coragem de olhar para você, tive tanto medo da sua reação... Boba eu, você já tinha me adotado! Que amor é esse forte que nasce dentro de mim, que quer você agora aqui? Que amor é esse tão grande, que não ta nem aí para as dificuldades que possamos encontrar pela frente ou preconceitos, descriminações?... Sim, porque somos muitos, mas sempre fomos seus! Você é minha irmã e eu te amo tanto, que conto os dias para ter você aqui do meu lado novamente... Nasceu Dayane! E a gente chora sim, “choro porque tenho direito, porque o olho é meu” disse você ao telefone, contando que te repreenderam quando voltou e sentiu saudade... Não importa quanto tempo estamos juntos, somos uma família, nosso amor existe!!! Reencontrei um grande amor!!! Nasceu mais um!!!
E o Daniel? Lindo, alto, moço, sorriso grande... Escondido atrás do computador uma tarde inteira... Da platéia tirava mil fotos da nossa cantoria, dava tchau, mandava beijo... “Mamãe está vindo, toma a bolsa mamãe”... Enchia a boca pra chamar a mama de mamãe. De noite, milhões de “boa noite”, nós brincamos assim e rimos, tantas vozes ecoando pelas portas dos quartos, entre os beliches de luz apagada... “Daniel, posso dizer que é meu irmão?” perguntei “Claro, mas eu sou seu irmão, agora é só a juíza assinar os papéis, é rápido!”... Seu olhar de menino, meu menino lindo! No MSN, sempre a mesma frase, “maninha, eu te amo” e eu ali, do seu lado, no outro PC “oi maninho, eu também te amo” Paqueramos virtualmente rsrsrsrs e nos conhecemos assim...
As pessoas têm tanto medo de amar, de dizer eu te amo! E olha o que vocês me ensinam! Que eu não sou louca ou que para todo louco, existe outro que o completa! Eu amo vocês, assim demais, assim intenso, assim para ontem, assim de verdade! Eu quero vocês, assim para sempre, assim perfeito com todos os defeitos... Eu assumo vocês, assim para o mundo todo, mesmo que me critiquem, mesmo que não entendam que julguem... Eu quero vocês, assim como quem não sabe ver a vida sem acreditar nesse amor todo! Assim como quem precisa desses sorrisos, abraços, beijos... Assim como quem quer dividir mais um pedacinho de tudo, repartir... Porque aqui sempre tem lugar!
Carinho, sem medos, abraços, beijos, cheiros... Fotos, tantas fotos... Sorrisos, risos, medos... Tudo lindo! Reencontro de almas, meus grandes novos amores! Forças minhas!
Despedida enrolada, ninguém queria a partida... Mil presentinhos foram dados, para recordarem dos nossos momentos pela semana. Dei duas estrelas de origami... Depois, no taxi perguntei “cadê minha estrela” mais do que depressa os dois “ta aqui mana”.
Na porta chororô danado... Daniel me abraçou em prantos... “Vocês vão ligar todos os dias?” “Claro que sim!”. Na porta a mama avisa, “eles são meus!”...
Todos os dias nós conversamos pelo telefone e choramos e rimos... Sexta feira tem mais... Logo estarão aqui...
É isso aí gente! Mais uma experiência de adoção, mais um reencontro de almas! Daniel e Dayane, meus irmãos, os dois têm 16 anos... Estão no abrigo há mais de 10 anos... E agora, que nos encontramos, será todos nós para sempre, 13 amores!!!
Annalies Padron
terça-feira, 25 de maio de 2010
Reportagem de Dia das Mães
Nós gravamos uma reportagem, especial de Dia das Mães para a TV Morena.
Ficou bem bonito! Só que passou pela manhã, no "Bom dia MS"... Então teve muita gente que não assitiu.
Por curiosidade, hoje coloquei meu nome no google...rsrsrs, não é muito difícil me encontrar na rede. E apareceu a reportagem que fizemos e tem o vídeo!
Assistam! Ficou lindo... A nossa é a última, para fechar! Eu assisto e choro rsrsrs! Amo demais essa família! Afffffff...Meus maiores tesouros!
Beijão p todos!
Annalies Padron
http://rmtonline.globo.com/addons/video_player.asp?em=3&v=18978
sexta-feira, 21 de maio de 2010
XV ENAPA
Olá amigos!
Mais um momento para falar de amor! Adoção para mim sempre é amor. Esses meses eu tive outras lições com a adoção. A gente pensa que já passou por tudo, mas não, crescemos e aprendemos sempre. O amor é tudo mesmo, o mais importante, por mais que pareça piegas...rsrsrsrs...É só ele que transforma. Como um espelho, aprendo a cada dia, que quanto mais carinho e confiança e força passo para todos (amigos, irmãos, família, filho), mais recebo. Então, a melhor coisa para ser feliz é fazer feliz! Que lindo, né?! E não tem como separar nada disso da adoção.
Está chegando o ENAPA, o Encontro Nacional de Apoio à Adoção! E, o melhor, será aqui, em Campo Grande – MS. Será do dia 03 a 05 de julho, no Centro de Convenções Arq. Rubens Gil de Camilo. É um evento anual que reúnem muitas pessoas que abraçam essa causa, que querem fazer adoções, que já fizeram ou que trabalham na área para discutir seus variados aspectos.
É claro que todos daqui de casa iremos! Os assuntos estão maravilhosos! Vocês podem conferir no site! Será um evento muito bonito! Participem!
Tem que fazer a inscrição pelo site!
Site: http://www.enapa2010.com.br/index.php
Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=99360413
Ah, vai ter um espaço para as crianças também, o ENAPINHA. Nossos pimpolhos terão atividades enquanto participamos das mesas redondas, das palestras, etc!
Quero ver todo mundo apoiando, hein? É assim que a gente começa a mudar o mundo... De pouquinho. Vestindo a camisa por causas que realmente valem!
Beijos e paz no coração de todos! Annalies Padron
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Um poema e os meninos =D
Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.
William Shakespeare
Pediram foto dos meninos, pronto, todos no blog agora, até o papai e no seu colo o meu filho, Eliseu.
Beijos Annalies Padron
Projeto Padrinho - MS
Alguém já ouviu falar do trabalho maravilhoso que temos em Campo Grande-MS de apadrinhamento de crianças e adolescentes? Gente, é muito bonito, é muito legal o trabalho deles.
As famílias são doadoras de bens ou serviços (financeiro ou material) para as crianças que estão nos abrigos ou fora deles. Esses padrinhos também podem ser "padrinhos afetivos", ou seja, levando as crianças nos finais de semana para passear... Lembram o que falei, da questão do modelo... Todos nós precisamos de modelos saudáveis, como podemos contribuir para melhorar o mundo em que vivemos? Apadrinhar uma criança, levando ela para nossa casa, conversando, dando carinho, dividindo momentos...Como isso é rico e bonito! O que podemos fazer para melhorar a vida dessas crianças?
Fica o convite para todos!!!
É um Projeto de muito Sucesso!!!
site do Projeto Padrinho: www.tj.ms.gov.br/projetopadrinho
Não Existem Pais Perfeitos, Não Existem Filhos Perfeitos
O que é ser mãe? O que é ser pai? Guiar, amparar, ensinar... A criança vai crescendo e dizemos os primeiros “nãos”, somos testados... Passamos nosso amor, nosso carinho, olhares, momentos... Por que seria diferente o processo numa adoção? E mais ainda, por que seria diferente o processo em uma adoção tardia?
Acho a adoção tardia maravilhosa e emocionante, porque são dois lados conscientes do passado e do presente... Dois lados sonhando com um futuro juntos. Meus irmãos, tirando nosso caçula, sabiam que seriam adotados, desejavam uma família e assim começou o “namoro”... É um processo de conquista.
Será que todos os pais que buscam adoção sabem namorar? Por quais motivos são levados a procurar adoção? Esterilidade? Missão? Caridade? Que peso a criança irá carregar em cima das expectativas dos pais adotivos? A sociedade idealiza uma família perfeita, mas os conflitos existem, e se acontecem entre pais e filhos biológicos, porque não acontecerá entre os adotivos? Existem muitas devoluções, muitas, justamente por esse pensamento... Nos momentos de conflito a primeira coisa que vem na cabeça do casal é que a criança não é filho biológico. Gente! Como pode uma coisa dessas? É muita alienação!
Namorar é olhar nos olhos, é dar carinho, passar momentos juntos, escutar, dividir experiências... A família tem que estar disposta a passar por todo esse processo mágico na adoção. Nós já passamos por isso, não tem distinção dentro da nossa casa... As pessoas de fora que gostam de separar as coisas... Eu sinto isso, as pessoas gostam de lembrar que a adoção existe aqui dentro e que eles são vitimas. Hoje eles são vítimas? Não, hoje eles têm uma família, somos uma linda família que se ama, que tem brigas e dificuldades como todas as famílias, mas não porque existe a adoção, mas porque somos uma família de verdade. Aí começa o preconceito, as comparações, as discriminações... Quer dizer que se meus pais repreendem mais um dos filhos e esse filho for adotivo, estão fazendo discriminação? E se o filho que estiver tendo problemas com conflitos for um dos biológicos, as pessoas vão notar da mesma forma? Não. Então, onde está o preconceito?
Eu como filha biológica não tenho problemas psicológicos? Não tenho conflitos com meus pais? Não tenho inseguranças, incertezas, bloqueios? Posso até ser menos resolvida que um filho adotivo. Quando as pessoas vão entender, como o ser humano é complexo, como não existe regra? Cada pessoa reage de uma forma com suas experiências de vida. Quais são os meus modelos? Quais são os modelos dos meus irmãos?
Segue um trecho de um artigo do psicólogo Fernando Freire, sobre esse assunto:
Durante muito tempo, os pais adotivos buscaram segurança na adoção de recém-nascidos, aceitavam, sofridos e relutantes, o fato biológico da criança ter nascido de outros pais, mas queriam assumir desde os primeiros dias os seus cuidados, evitando qualquer contaminação, qualquer outra influência que não a sua, havendo mesmo o desejo e a tentativa de negar, esquecer o fato biológico do “outro” nascimento.
Em certa medida, a felicidade da criança seria decorrente do meio equilibrado, estável, em que ela foi inserida e cresceu, os seus fracassos poderiam eventualmente ser atribuídos à sua herança biológica. Hoje, conquista espaço uma nova sensibilidade, que reconhece o valor, os limites e as potencialidades da herança biológica, e a importância do meio no desenvolvimento de todas as crianças, sejam elas filhos biológicos e adotivos. E aqui lembramos que, o que se discute numa adoção é exatamente essa condição cultural afetiva social de uma criança ser reconhecida como filho por seus pais, e de reconhecer naqueles adultos os seus pais. Nas adoções que precisamos construir, o meio adquire imensa importância, pois ele precisará aceitar aquilo que é diferente do habitual, aquilo que ameaça, aquilo que desafia, falamos da construção das adoções necessárias daquelas crianças e adolescentes ainda hoje esquecidos em instituições, privados do direito fundamental à convivência familiar e comunitária. Como em todas as culturas, precisamos irrigar terrenos por vezes áridos, precisamos torná-los sensíveis e receptivos, precisamos arejar, precisamos semear, na adoção, precisamos, sempre, lançar sementes de humanidade, sementes de amor, fé e esperança.
Acredito que quando essas compara ções acabarem, entre biológicos e adotivos, quando os pais não criarem fantasias sobre o que é uma família, não haverá mais devoluções. O processo de adoção também deve ser rígido, a equipe de profissionais deve notar o que está por trás do desejo desses pais em fazerem a adoção.
Como é o seu amor? É ilustrativo o que diz Antonio Vieira: “O amor fino não busca causa, nem fruto. Se amo porque me amam, tem o amor causa; se amo, para que me amem, tem fruto: e o amor fino não há de ter porque, nem para que. Se amo, porque me amam, é obrigação; faço o que devo: se amo, para que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois como há de amar o amor para ser fino? Amo, porque amo, e amo para amar. Quem ama porque o amam, é agradecido, quem ama, para que o amem, é interesseiro: quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é fino”.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Adoção Interracial
Nunca mais postei nada... Estava sem tempo, mas agora postarei pelo menos uma vez por semana...
Nessas férias tive oportunidade de ler bastante sobre adoção. Conversei também com amigos envolvidos com o tema. Descobri muitas coisas que irei compartilhar com vocês.
Bom, falando de adoção interracial (quando a criança pertence a uma raça diferente da dos pais adotivos), algo que também vivenciei na minha família, a coisa mais importante estabelecer entre a família, uma ligação forte e segura, superando as diferenças físicas.
Nós vivemos em um mundo preconceituoso demais... Já escutei tanto absurdo, coisas que não entram na minha cabeça. “Sou racista porque sou antigo”, “Sou racista porque tenho descendência européia” (?!), “Sou racista porque foi minha criação”... Bom, com o conhecimento que temos hoje, as justificativas que as pessoas arranjam são cada vez mais esfarrapadas! Já escutei coisas também do tipo “se você pode ter um filho loirinho, porque vai querer um pretinho?” entre outros absurdos, que definitivamente, não entendo. Algumas pessoas em menor intensidade, outras, declaradas, mas a verdade é que estamos em um país muito racista.
No Brasil, a maioria dos casos é de crianças negras e índias adotadas por pais brancos. Aqui crianças negras ou com traços negroides, têm menos chances de serem adotadas e estão sujeitas a serem institucionalizadas por grande tempo. A maioria prefere menina, de até dois anos, branca.
Meus pais não especificaram a raça, nem a idade. Tenho quatro irmãos negros e dois com traços negroides e índios.
No começo, lembro que negavam a própria raça... As meninas queriam alisar os cabelos... Os meninos diziam que não eram negros. Minha irmã Louise trabalhou muito com todos, através da música. Ela gosta muito de Rap, de Black Music e através dos clipes, elogiava muitos artistas, mostrava as cantoras, como cuidavam do cabelo, como eram lindas e os cantores também. Sendo nossas adoções na maioria tardias, foi bem positivo para eles.
No caso de adoções feitas em “último caso”, quando os pais não podem procriar biologicamente e não tenham podido elaborar o luto pela sua esterilidade, aparecem alguns problemas em relação à adoção interracial. Acontece que esses pais, segundo Freud (1914), revivem suas fantasias narcísicas por meio de seus filhos: seus anseios de perfeição e imortalidade estão concentrados no seu olhar sobre eles. Quando as diferenças físicas são gritantes, a descontinuidade biológica é evocada com freqüência, e pode haver dificuldades em sentir a criança como um filho legítimo.
As diferenças físicas entre pais e filhos evidenciam a percepção da descontinuidade biológica e põe à prova a confiança na estabilidade da relação. A criança pode testar os pais para ver a consistência do vinculo com a família. Isso acontece também pelo medo da criança de ser abandonada novamente... O que acontece em alguns casos... Já escutei delírios absurdos, como: “você não sabe a herança genética dessa criança, ele pode matar todos vocês” (!) “ela será prostituta como a mãe biológica”(!) “ele tem psicopatia (criança de 2 anos, absolutamente normal)”. Alguns casos de pais, que não podiam ter filhos, fazem a adoção, conseguem ter filhos e abandonam novamente o adotivo, a criança é abandonada duas vezes.
Algo importante é trabalhar com a criança a questão do racismo existente na nossa sociedade. Não podemos ignorar que convivemos com o racismo. A conscientização dos pais quanto a este tema e seu enfrentamento dentro da realidade são essenciais para que eles possam ajudá-la neste processo.
Quer saber, hoje somos todos aqui em casa tão parecidos. Meus irmãos são lindos demais, cada um com seu jeitinho, sua raça, seu estilo. Como é bom amar! Como é bom não ser racista e encontrar esses grandes amores da minha vida... Eles são parte de mim e hoje não imagino minha vida sem o sorrisão do Alexandre, sem o olhar meigo da Ana Flávia, sem as brincadeiras do Roniel, sem a solicitude e companhia do Diego, sem a amizade da Dania, sem o carinho enorme da Viviane... Sem o amor de todos eles. Nenhuma adoção é fácil, temos que compreender todo o processo traumático que passaram de rejeição e abandono... Às vezes podem ser agressivos, podem ser hostis, mas só querem testar o amor que temos... Passada essa fase, é só alegria.
Reflitam! Espero que ajude! Beijos para todos!
Nessas férias tive oportunidade de ler bastante sobre adoção. Conversei também com amigos envolvidos com o tema. Descobri muitas coisas que irei compartilhar com vocês.
Bom, falando de adoção interracial (quando a criança pertence a uma raça diferente da dos pais adotivos), algo que também vivenciei na minha família, a coisa mais importante estabelecer entre a família, uma ligação forte e segura, superando as diferenças físicas.
Nós vivemos em um mundo preconceituoso demais... Já escutei tanto absurdo, coisas que não entram na minha cabeça. “Sou racista porque sou antigo”, “Sou racista porque tenho descendência européia” (?!), “Sou racista porque foi minha criação”... Bom, com o conhecimento que temos hoje, as justificativas que as pessoas arranjam são cada vez mais esfarrapadas! Já escutei coisas também do tipo “se você pode ter um filho loirinho, porque vai querer um pretinho?” entre outros absurdos, que definitivamente, não entendo. Algumas pessoas em menor intensidade, outras, declaradas, mas a verdade é que estamos em um país muito racista.
No Brasil, a maioria dos casos é de crianças negras e índias adotadas por pais brancos. Aqui crianças negras ou com traços negroides, têm menos chances de serem adotadas e estão sujeitas a serem institucionalizadas por grande tempo. A maioria prefere menina, de até dois anos, branca.
Meus pais não especificaram a raça, nem a idade. Tenho quatro irmãos negros e dois com traços negroides e índios.
No começo, lembro que negavam a própria raça... As meninas queriam alisar os cabelos... Os meninos diziam que não eram negros. Minha irmã Louise trabalhou muito com todos, através da música. Ela gosta muito de Rap, de Black Music e através dos clipes, elogiava muitos artistas, mostrava as cantoras, como cuidavam do cabelo, como eram lindas e os cantores também. Sendo nossas adoções na maioria tardias, foi bem positivo para eles.
No caso de adoções feitas em “último caso”, quando os pais não podem procriar biologicamente e não tenham podido elaborar o luto pela sua esterilidade, aparecem alguns problemas em relação à adoção interracial. Acontece que esses pais, segundo Freud (1914), revivem suas fantasias narcísicas por meio de seus filhos: seus anseios de perfeição e imortalidade estão concentrados no seu olhar sobre eles. Quando as diferenças físicas são gritantes, a descontinuidade biológica é evocada com freqüência, e pode haver dificuldades em sentir a criança como um filho legítimo.
As diferenças físicas entre pais e filhos evidenciam a percepção da descontinuidade biológica e põe à prova a confiança na estabilidade da relação. A criança pode testar os pais para ver a consistência do vinculo com a família. Isso acontece também pelo medo da criança de ser abandonada novamente... O que acontece em alguns casos... Já escutei delírios absurdos, como: “você não sabe a herança genética dessa criança, ele pode matar todos vocês” (!) “ela será prostituta como a mãe biológica”(!) “ele tem psicopatia (criança de 2 anos, absolutamente normal)”. Alguns casos de pais, que não podiam ter filhos, fazem a adoção, conseguem ter filhos e abandonam novamente o adotivo, a criança é abandonada duas vezes.
Algo importante é trabalhar com a criança a questão do racismo existente na nossa sociedade. Não podemos ignorar que convivemos com o racismo. A conscientização dos pais quanto a este tema e seu enfrentamento dentro da realidade são essenciais para que eles possam ajudá-la neste processo.
Quer saber, hoje somos todos aqui em casa tão parecidos. Meus irmãos são lindos demais, cada um com seu jeitinho, sua raça, seu estilo. Como é bom amar! Como é bom não ser racista e encontrar esses grandes amores da minha vida... Eles são parte de mim e hoje não imagino minha vida sem o sorrisão do Alexandre, sem o olhar meigo da Ana Flávia, sem as brincadeiras do Roniel, sem a solicitude e companhia do Diego, sem a amizade da Dania, sem o carinho enorme da Viviane... Sem o amor de todos eles. Nenhuma adoção é fácil, temos que compreender todo o processo traumático que passaram de rejeição e abandono... Às vezes podem ser agressivos, podem ser hostis, mas só querem testar o amor que temos... Passada essa fase, é só alegria.
Reflitam! Espero que ajude! Beijos para todos!
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